terça-feira, 12 de junho de 2012

Benguelenses deploram estado do Pavilhão Acácias Rubras

A infra-estrutura construída em 2007 está praticamente votada ao abandono
Fotografia: Jornal dos Desportos


Os adeptos que se deslocam ao pavilhão Acácias Rubras, em Benguela, para assistir aos jogos do 33º campeonato nacional de andebol em masculinos e femininos consideraram ontem péssimas as condições em que se encontra o referido pavilhão, inaugurado em 2007, no âmbito do Campeonato Africano de Basquetebol, que o país acolheu naquele ano. O Jornal dos Desportos ouviu adeptos e a maior parte deles defendeu que têm de ser accionadas medidas urgentes para resolver a situação.

Pedro disse à nossa reportagem “que a actual situação do pavilhão é preocupante. Nos balneários há infiltrações, loiça sanitária fora de uso, até a porta principal só foi reposta por altura da organização da Taça Compal, porque esteve muito tempo estragada, não há placard electrónico, o sistema sonoro desapareceu, enfim, o governo deve exigir que o empreiteiro volte ao pavilhão e termine as obras que ficaram por concluir”, sugeriu.

O adepto faz uma comparação com a altura da inauguração e refere que não tem nada a ver com o actual estado da infra-estrutura. “Assistimos aqui a uma prova e nem uma música ao intervalo podemos ouvir”, desabafou. Dani Stela, outra benguelense que falou ao Jornal dos Desportos, também considerou que “o quadro não é bom, a parte exterior não está acabada, estou preocupada com isso, porque já houve tempo para estar melhor”, comentou.

Para Moisés Beleza, técnico desportivo, é preciso pedir contas a alguém. “Infelizmente, só tenho a lamentar. Gastou-se tanto dinheiro e passado pouco tempo o pavilhão está nestas condições. Não temos placard, não há som, não temos casas de banho em condições, alguém tem que pedir contas”, sustentou. Concluindo o seu raciocínio, o treinador de andebol disse que este quadro é idêntico ao dos pavilhões do Huambo e do Lubango. Cristina Faial lembra que viu um pavilhão mais vistoso por altura do Afrobasket e no Campeonato de Andebol. “Mesmo assim, este pavilhão só é usado para campeonatos nacionais, fora disso fica fechado. Não se jogam aqui campeonatos provinciais, ninguém usa este pavilhão para treinos e isso está mal, devia abrir-se mais aos praticantes de desporto”, concluiu.

A nossa reportagem constatou que a pavimentação e arruamentos exteriores ficaram por fazer; lancis inacabados estão a ser destruídos, a vedação de arame está a ser rompida, sinais verticais de trânsito derrubados, mastros retirados, falta de fonte de energia alternativa, jardinagem e plantas ornamentais ressequidos, além dos cronómetros que não funcionam, apesar de existirem, presumivelmente avariados. Construído em quatro meses pela empreiteira chinesa China National Electronics Import e Export, a infra-estrutura ocupa uma área de 4.300 metros quadrados e ficou orçada em cerca de 12 mil milhões de kwanzas. Tem capacidade para 2.100 lugares.

Constatação
Gestor aponta problemas de execução


O Jornal de Desportos contactou o gestor do pavilhão Acácias Rubras, Júlio Paiva, que se mostrou receptivo e, inclusive, nos guiou por algumas dependências da infra-estrutura para mostrar as deficiências de que padece e falou dos problemas com que se debate na gestão do recinto. O responsável realça que não recebe qualquer dinheiro do Estado para a sua manutenção. “O pavilhão não está concluído. O grande problema é a execução da obra. Só para exemplificar, em vez dos arames adequados, o tecto falso está seguro com fios de telefone. Por outro lado, não se justifica que o Estado não gaste qualquer valor na manutenção de uma estrutura como esta”, começou.

Sobre os assuntos levantados pelos adeptos, começou por dizer que não correspondiam à verdade as afirmações sobre o pouco uso do recinto pela sociedade benguelense. “Este é, entre os quatro que foram erguidos na mesma época, talvez dos mais usados. Tem uso desde manhã até à noite. Os campeões nacionais de ginástica treinam aqui duas vezes por dia. Temos um movimento diário que começa às 5h30, com futebol de salão, basquetebol e ginástica, mas todos trabalham aqui a custo zero”, reagiu.

Júlio Paiva chamou a atenção para o facto do pavilhão estar numa zona descampada, poeirenta e toda a técnica de que se serve é digital. “A parte exterior do pavilhão não está pavimentada, quando houve aqui o CAN tentamos que se pavimentasse, mas a pavimentação chegou até ao estádio municipal, mas não conseguimos que chegasse até aqui. Sem os trabalhos exteriores concluídos, torna-se difícil cuidar da jardinagem e de todos os outros aspectos exteriores. O gerador está avariado”, disse.

Actualmente, para a manutenção da infra-estrutura, restaram à gestão cinco dos 14 funcionários que havia, porque “a maioria foi-se embora, por causa dos salários baixíssimos que conseguimos pagar”. A segurança do local é garantida pela Polícia Nacional, mas parece pouco eficiente, são vistos miúdos à luz do dia a baloiçarem-se nas redes da vedação sem qualquer impedimento

in: Jornal de Angola

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